sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Inaldo Moreira - Frevos de Rua do Novo Milênio


Tributo aos verdadeiros amantes do frevo

A um mês do Carnaval, começam a ser lançados CDs com músicas típicas do período. Frevos de Rua do Novo Milênio, do compositor Inaldo Moreira, é um dos primeiros títulos de 2002. O álbum, todo instrumental, tem uma peculiaridade: foi interiamente gravado, no estúdio Fábrica, pelas bandas da Base Aérea do Recife, do Comando Militar do Nordeste e da Polícia Militar de Pernambuco.
Engenheiro de formação e professor de Economia, Inaldo Moreira, 64 anos, é uma daquelas figuras cuja profissão não tem nada a ver com a vida artística, mas que adotam a música como segunda atividade. Como pai, incentivou os filhos a desenvolverem o dom musical. As duas filhas, Moema e Maíra, notáveis bandolinista e bandolista, atuam na Orquestra Retratos do Nordeste, do maestro Marco Cézar; o filho, Iuri, é guitarrista da banda Zé Lamúria.
Quando criança, Inaldo estudou clarinete com o professor particular José Severino Calazans. Paralelamente às atividades profissionais, ele atuava como clarinetista em agremiações carnavalescas do Grande Recife, sobretudo no Carnaval.
Recentemente, porém, Inaldo esteve mais ligado a outro ritmo: o choro. Em primeiro lugar, por causa de seu interesse por todo o tipo de música de qualidade. E, principalmente, por causa do desenvolvimento inicial de suas filhas (de início, no cavaquinho e bandolim) e do filho (no violão de sete cordas). O entusiasmo o levou a fundar, em sua própria casa, a Praça do Choro – foco de várias matérias na imprensa local –, onde recebe diversos amigos e conhecidos talentos do gênero em saraus esporádicos.
FREVOS E TRIBUTOS – Por tamanho envolvimento com o choro, quando Inaldo anunciou que lançaria um CD, seria natural esperar um disco desse gênero. Ledo engano. Em Frevos de Rua do Novo Milênio, o compositor ataca com 20 temas carnavalescos de títulos, no mínimo, inusitados, com os quais homenageia companheiros da música.
Os tributos partem ainda na primeira faixa, que começa com a narração do veterano do rádio pernambucano, Hugo Martins, como se estivesse apresentando seu programa em ondas médias. “Tive a idéia de fazer o disco como se fosse o programa de Hugo”, confirma o autor. “É uma forma de homenageá-lo.”
Ao longo da gravação, outros amigos são lembrados, de forma irreverente, como em Segura aí, Luiz Guimarães!,Com Lessa não tem conversa!, Severino é do ramo, Com Mida não se brinca e Formiga não morde, pica!, só para citar alguns.
O tributo é apenas uma forma de retribuir a ajuda dos amigos e incentivadores, que permitiram o baixo custo de produção do CD: apenas R$ 4 mil. Em agradecimento, Inaldo Moreira prensou mil cópias, que distribui gratuitamente. “Dou apenas para quem gosta de frevo”, ressalta.
Um aspecto curioso sobre a participação das bandas militares. Em primeiro lugar, porque o frevo – hoje, meio sem rumo – surgiu no meio desse tipo de orquestra. É também interessante por dar oportunidade a esses grupos, que se limitam à execução musical em eventos cívicos, de mostrarem seus talentos frente a um projeto da autêntica música do Estado.
Inaldo Moreira não pretende fazer um lançamento oficial “porque o dinheiro acabou”. Mas quer gravar mais dois ou três trabalhos do mesmo gênero, além de outros dois de frevo-de-bloco. (M.T.)
Jornal do Commércio - 09.01.2002





01 - toque se não entope
02 - hugo martins é tampa de frevo
03 - segura aí, luís guimarães
04 - com lessa não tem conversa
05 - severino é do ramo
06 - quartetoidiando
07 - com mida não se brinca
08 - duda arretou-se
09 - varela não amarela
10 - miriam leite no frevo
11 - é de perder a calcinha
12 - fred monteiro, o maratonista cibernético do frevo
13 - formiga não morde, pica
14 - foi bila quem mandou
15 - bila tá certo
16 - bila falou e disse
17 - melo nao mela
18 - carlos fernando recife, frevo é
19 - samuel o bom valente
20 - dimas não sedicioso

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