domingo, 29 de janeiro de 2017

C.C.M. Bola de Ouro - Homenageado do Carnaval (2015)


DOWNLOAD: C.C.M. Bola de Ouro - Homenageado do Carnaval (2015)

01. Bola, Centenária de Ouro (Walmir Chagas, Seu Kayto e Roberval Ramalho) – Int. Walmir Chagas
02. Bola, Centenária de Ouro (Walmir Chagas, Seu Kayto e Roberval Ramalho) – Int. Coral
03. Minha Bola de Ouro (Zumba)
04. Regresso da Bola (Fincão)
05. Bola, Centenária de Ouro (Walmir Chagas, Seu Kayto e Roberval Ramalho) – Instrumental

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Orquestra do Maestro Oséas - Volume II



DOWNLOAD: Orquestra do Maestro Oséas - Volume II

01 Amparo no Frevo
02 Cariri
03 Ceroula
04 Elefante
05 Frevo nº 6
06 Frevo no Bairro do Recife
07 John Travolta
08 Lá Reine
09 Lampião
10 Menino da Tarde
11 Mistura Filho
12 Música Mulheres e Flores
13 O Baralho
14 Olinda frevo e Folia
15 Tabajara no Frevo
16 Tô a Toa

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Orquestra do Maestro Oséas - Volume I



DOWNLOAD: Orquestra do Maestro Oséas - Volume I

01 Baba de Moça
02 Eu e Você
03 Envenenado
04 Show de Frevo
05 Cocada
06 A Cobra Fumando
07 Freio à Óleo
08 Frevo da Meia Noite
09 Transcendental
10 Diabo Solto
11 Pilão Deitado
12 John Travolta
13 Menino da Tarde
14 Frevioca
15 Frevo na Pracinha

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Panorama de folião: discurso e persuasão nas letras do Frevo-de-Bloco

Foto: Katarina Real



Resumo:
Este texto analisa as estratégias linguístico-discursivas desenvolvidas em letras de frevos-de-bloco, a partir da hipótese de que se trata de um gênero também caracterizado pelo discurso persuasivo, elaborado com base na lingaguem da propaganda.

Download: Panorama de folião: discurso e persuasão nas letras do Frevo-de-Bloco

domingo, 1 de janeiro de 2017

Antônio Maria: carnaval antigo...Recife



No Carnaval, minhas calças eram brancas e meus sapatos de tênis. As camisas, sempre feias, variavam. Lembro-me de uma roxa, que desbotava.

Por Antônio Maria*


No Recife, o Carnaval começava no Natal. Ou melhor, não havia Natal no Recife. A 24 de dezembro, os blocos saíam à rua, com suas orquestras de trinta a quarenta metais, seus coros de vozes sofridas, a tocar e a cantar as "jornadas" mais líricas. Chamavam-se "jornadas" alguns dos cantos carnavalescos do Recife, talvez por influência das "jornadas" dos pastoris. Agora, porque os cantos dos "pastoris" se chamavam jornadas, não sei.

Mas, na noite de 24 de dezembro, quando a gente pensava que seria uma noite silenciosa, o Vassourinhas estourava numa esquina, acordando-nos, na alma, uma alegria guerreira, impossível de explicar agora, tanto tempo e tanta fadiga são passados. Nós íamos, primeiro, às janelas, depois para a rua, até que afinal nos misturávamos ao povo, onde cada rei fantasiado, cada rainha de cetim, eram reis de verdade. Mas, reis de quê? De tudo. Da voluntariedade, do absolutismo, do amor e do futuro. O futuro de quem faziam parte.

Não se pode fazer ideia do que era o povo do Recife, solto nas ruas do Recife, após a declaração irreversível do Carnaval. Faziam parte da corte imperial mulheres morenas, que suavam, em bolinhas, na boca e no nariz. Mulheres de olhos ansiosos, presas de todos os atavismos de religião e de dor, a dançar a mais verdadeira de todas as danças – o frevo. Ah, de nada serviam suas heranças de submissão, porque o despontar do Carnaval era um grito de alforria. E seus corpos, seus braços, seus pés, teriam sido repentinamente descobertos, assim que os clarins do Batutas de São José romperam o silêncio a que os humildes eram obrigados. Tão louca e tão bela, aquela dança! Uma verdade maior que as verdades ditas ou escritas saía dos seus quadris, até então bem-comportados.

Se fosse possível descrever, em palavras, a introdução, ao menos a introdução, da marcha do clube das Pás! Mas é possível dar uma ideia do que se passava por dentro de mim, que me sentia, inopinadamente, órfão e livre, desapegado de tudo e de todos. Eu era mais que um guerreiro. Era o vento. Cada homem e cada mulher eram uma parte daquele furacão libertário. Todos se emancipavam (eu digo por mim) e se tornavam magnificamente dissolutos... porque o clarim estava tocando, porque os estandartes se equilibravam no espaço, porque o mundo, naquele exato e breve momento era, afinal, de todos.

Tudo deve estar mudado. O Carnaval do Recife talvez não seja, hoje, um desabafo. Talvez não contenha aquele desafio de homens e mulheres, livres de todas as sujeições e esquecidos de Deus. É possível que se tenha transformado numa festa, simplesmente. Talvez seja alegre e isto é sadio. Mas os meus carnavais eram revoltados. Não tenho a menor dúvida de que aquilo que fazia a beleza do carnaval pernambucano era revolta – revolta e amor – porque só de amor, e por amor, se cometem gestos de rebeldia.

Muitas vozes, de madrugada, o menino acordava com o clarim e as vozes de um bloco. Eles estavam voltando. O canto que eles entoavam se chamava "de regresso". Não sei de lembrança que me comova tão profundamente. Não sei de vontade igual a esta que estou sentindo, de ser o menino que acordava de madrugada, com as vozes de metais e as vozes humanas daquele Carnaval liricamente subversivo.

Meu quarto era de telha vã. Minhas calças, brancas. Meus sapatos, de tênis. Meu coração, inquieto. E nada tinha sido ainda explicado.


*Texto publicado em 7 de fevereiro de 1964